O presidente brasileiro é acompanhado por uma grande delegação esta semana, já que se espera que mais de 20 acordos sejam assinados com a Amazônia maior parceiro comercial do país.
BO Presidente do Brasil O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está esta semana na República Popular da China para uma das visitas de estado mais importantes de seu terceiro mandato presidencial.
A missão diplomática, que acontecerá na quinta e sexta-feira, contará com a presença de ministros e governadores —um reflexo do tamanho das possibilidades existentes e futuras no relacionamento entre o Brasil e a potência asiática.
Espera-se que mais de 20 acordos sejam assinados em Pequim, intensificando o já enorme comércio entre os dois países. A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. No ano passado, o saldo comercial entre eles ultrapassou 150 mil milhões de dólares e representou a principal fonte de investimento em todos os países latino-americanos.
A visita, inicialmente marcada para março, foi adiada devido ao diagnóstico de pneumonia de Lula na época.
Na quinta-feira, Lula participará da posse da ex-presidente brasileira Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco dos BRICS, em Xangai.
Dilma Rousseff substitui Marcos Troyjo, nome ligado ao ex-ministro de Bolsonaro, Paulo Guedes. Na sexta-feira, Lula se reunirá em Pequim com líderes sindicais, o presidente da Assembleia Nacional Popular, Zhao Leji, o primeiro-ministro Li Qiang e o presidente Xi Jinping.
Quarta missão estrangeira de Lula após sua terceira posse presidencial, a viagem acontece dois meses depois de sua visita a Washington. Desde que assumiu a presidência, em janeiro deste ano, Lula desembarcou na Argentina, no Uruguai e nos Estados Unidos. Agora, ele seguirá para a China e os Emirados Árabes Unidos, marcando a volta do país ao cenário internacional após o período de isolamento no governo de Jair Bolsonaro (Partido Liberal).
O presidente Lula pergunta por que todo comércio tem que ser feito em dólares. pic.twitter.com/3mRMQSb7ip
- Notícias de Kawsachun (@KawsachunNews) 13 de abril de 2023
Lula viajará com os ministros Fernando Haddad (Finança), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudanças Climáticas), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social) e Juscelino Filho (Comunicações).
A delegação brasileira também inclui os governadores Jerônimo Rodrigues (estado da Bahia), Elmano de Freitas (estado do Ceará), Carlos Brandão (estado do Maranhão), Helder Barbalho (estado do Pará) e Fátima Bezerra (estado do Rio Grande do Norte).
A visita ocorre em meio a tensões crescentes entre a China e os EUA. As duas maiores economias mundiais têm trocado sanções e acusações de espionagem em ritmo acelerado.
O não alinhamento de Pequim com a posição dos EUA e da NATO sobre a guerra na Ucrânia aprofundou ainda mais a divergência. No entanto, o Brasil historicamente adotou uma posição neutra nas relações exteriores e costuma negociar até com inimigos.
[O aprofundamento dos laços Brasil-China é uma parte fundamental do mundo multilateral emergente, um sistema económico e político alternativo que alarma Washington.]
O alcance da primeira viagem de Lula a um país não-ocidental durante o seu terceiro mandato presidencial contrasta com os resultados da visita à Casa Branca.
Os EUA prometeram investir no Fundo Amazônia e conversaram com o Brasil sobre uma possível parceria envolvendo semicondutores. Porém, até agora, os recursos não foram transferidos e as negociações não evoluíram para acordos.
Para Ana Tereza Marra, professora da Universidade Federal do ABC (UFABC) e coordenadora do Grupo China do Observatório de Política Externa do Brasil (OPEB), os resultados das relações bilaterais com os EUA ainda são tímidos, mas há uma “abordagem política” contínua com a Casa Branca. A visita à China é promissora porque pode oferecer mais, diz ela.
“Os EUA querem investir no clima, mas o Congresso tem de aprovar recursos. Só então eles podem ou não investir. Eles sancionaram a lei dos chips [CHIPS and Science Act], que é a sua tentativa de mudar a cadeia global de fornecimento de semicondutores e trazê-la para os EUA e seus aliados”, diz ela. “Eles têm dinheiro para investir em outros países, mas, ao mesmo tempo, acenam para o Brasil, embora ainda não haja nada acertado.”
Marra diz que “a China, pela sua própria natureza e pelas relações com o Brasil nos últimos anos, consegue concretizar as coisas mais rapidamente”.
Quanto à capacidade do Itamaraty – Ministério das Relações Exteriores do país – e do Brasil de manterem sua posição histórica de neutralidade e negociação em meio a um cenário global cada vez mais intenso e fragmentado, ela acredita que ainda não é possível conhecer os limites e possibilidades dessa postura.
“A China quer mais pragmatismo do que alinhamento. São os EUA que buscam o alinhamento do Brasil. A China quer que o Brasil seja pragmático e aproveite as oportunidades. Os EUA exigem que [o Brasil] se posicione, mas mesmo essa exigência hoje não é uma exigência a todo custo”, afirma o professor da UFABC.
Evitando uma 'zona de sacrifício'
Em 2022, o Brasil vendeu US$ 31.78 bilhões em soja para a China e dezenas de bilhões de dólares em ferro e petróleo. A China, por sua vez, exporta para o Brasil produtos com maior complexidade tecnológica, como painéis solares e equipamentos telefônicos.
A cadeia produtiva da soja no Brasil está ligada ao latifúndio, aos transgênicos e ao uso intenso de agrotóxicos. Portanto, um aumento no apetite chinês pelo produto pode significar o crescimento de violações ambientais e de direitos humanos no Brasil.
Para evitar que o país se torne uma espécie de “zona de sacrifício” ao crescimento econômico chinês e ao enriquecimento dos proprietários brasileiros, a pesquisadora Ana Tereza Marra defende a adoção de algumas políticas públicas.
“Uma forma de melhorar as relações econômicas é atrair investimentos chineses para o Brasil direcionados a setores de interesse estratégico. O governo tem que ter clareza sobre quais setores são esses e quais projetos eles querem que a China financie”, diz o professor Brasil de Fato. “Esse é o objetivo do governo Lula. Estes investimentos apoiam a reindustrialização do país.”
Este artigo é de Brasil de Fato e é eeditado por Flávia Chacon.
Lula – único líder no 'oeste' com cérebro!
Esperemos que os EUA não invadam o Brasil ou financiem uma guerra por procuração, ou um golpe de estado ou algo parecido.
“A cadeia produtiva da soja no Brasil está ligada ao latifúndio, aos transgênicos e ao uso intenso de agrotóxicos. Portanto, um aumento no apetite chinês pelo produto pode significar o crescimento de violações ambientais e de direitos humanos no Brasil.”
Arriscarei o resultado de me tornar persona non grata por aqui por continuar a emitir notas de cautela em relação à China. Tenho notado, especialmente na América do Sul e em África, que a China age de forma completamente amoral em relação aos impactos ambientais dos seus investimentos nas actividades agrícolas das nações distantes das suas costas. Não estou a defender os EUA ou o Ocidente, os criadores da agricultura industrial, e todos os males ambientais que lhe estão associados. A China parece aceitar a atitude de que se aqueles que estão nas diversas frentes internas não protegem os seus próprios interesses, então por que deveriam fazê-lo, hein?
Mãos no volante, olhos bem abertos.
A China sustenta a civilização há talvez 4000 anos, vamos confiar que a China será um parceiro para o mundo, um parceiro de cooperação e que sustentará a vida.
Falhámos em ambos, nos materiais da guerra mundial e à beira do desastre com a guerra e a desestabilização.
A política externa da China é claramente diferente da dos EUA, cuja política é mais frequentemente do meu jeito ou da estrada, usando o dólar e os militares para intimidar as nações. Essa abordagem está a ser ameaçada pela China e espera-se que outras nações a sigam. O resultado mais provável é que os EUA captem a mensagem e mudem a posição de que somos o número um para se comportarem mais como a China. Isso pode ser uma ilusão quando se observa o comportamento dos políticos e do MIC. Mas há claramente uma pressão para mudar ou para perder influência em todo o mundo.
Muito sucesso para o Brasil em seus esforços para traçar seu próprio rumo com base nos melhores interesses de seu povo. Na verdade, que ideia curiosa é a de que os governos devem trabalhar, acima de tudo, em benefício e para melhorar a qualidade de vida dos seus povos. Talvez as “democracias líderes mundiais” que compõem a aliança ocidental devam tomar nota. Olá UE. Talvez Annalena devesse ser a próxima rainha no comando.
“Os EUA querem investir no clima…” Bem, isso é um disparate. Os EUA insistem numa posição “nós contra eles” de todos os países do mundo para o seu projecto da Segunda Guerra Fria. A Segunda Guerra Fria não tem absolutamente nenhuma utilidade nem benefício para ninguém ou nada neste planeta, excepto os sonhos dos EUA de um mundo unipolar para sempre liderado pelos americanos. Mesmo Brzezinski, no seu plano do Grande Tabuleiro de Xadrez, não acreditava que a América pudesse nem sequer devesse manter a sua hegemonia unipolar para sempre. Esta ideia nada mais é do que um sonho febril neoconservador.
Contudo, a Segunda Guerra Fria é o pior desastre possível para lidar com os efeitos do aquecimento global e das alterações climáticas. É uma facada no coração para a nossa sobrevivência como espécie neste planeta. Isto ocorre simplesmente porque qualquer solução para os problemas dos efeitos das mudanças climáticas globais; em todos os lugares, de uma só vez e sempre aumentando, depende da cooperação. Sem uma entusiástica cooperação e coordenação local e internacional para abordar as causas humanas do aquecimento global, nenhuma solução e nenhuma solução mágica serão eficazes.
Se alguém estava deliberadamente a tentar tornar impossível um mundo sustentável e habitável para o futuro, dividir o mundo em campos beligerantes, também conhecidos como Segunda Guerra Fria, é exactamente a maneira de o fazer. Que coincidência que a América esteja a impulsionar, e até a insistir, nestas divisões. Mas, ei, as indústrias de combustíveis fósseis e de armas estão ganhando muito dinheiro, então é isso…
Agora o Brasil também está ficando arrogante. OH MEU DEUS! O que será, revolução colorida, assassinato, mudança de regime? Por outro lado, a América é cada vez mais um estranho no mundo civilizado e talvez estes estratagemas padrão não funcionem tão bem agora. Imagino que para os necons do Departamento de Estado o mundo esteja começando a parecer um jogo de pancada na toupeira, porque é nisso que eles insistem. Nada mudará até que eles desapareçam. Esperançosamente, Lula e um Brasil orgulhoso continuarão por muito tempo.
Bem, vamos dar isso ao presidente Joe Biden. Ele fez uma promessa de campanha em 2020 para unir as pessoas.
Quem diria, porém, que as pessoas que ele iria reunir seriam a China, o Irão, a Arábia Saudita, a Rússia e, agora, o Brasil?
O que me preocupa?
LOL!